quinta-feira, 29 de novembro de 2007

1984 – o ano que fez diferença


O ano é nebuloso em minha mente, mas tenho certeza que foi algo entre 2001 e 2003. O mundo não havia acabado no reveillon de 1999, como predizia Nostradamus e a vida continuava no século XXI. Estava no ensino médio, 2º grau ou sei lá como chamam hoje em dia. Uma revolução literária se passava em minha vida. Seguramente, os anos em que mais li. Algumas porcarias, é verdade – mas clássicos essenciais também.

Interessante que não me lambro se foi por indicação, por ter visto em alguma revista ou site, mas eu acabei lendo o livro 1984, de George Orwell. Bem, eu era um adolescente que escutava muito rock’n roll, e isso é um diferencial muito grande quando se tem 15 anos. Havia uma maneira idiossincrática de reagir às coisas da vida. Bem, vamos ao livro. O que acho mais interessante é que consegui o livro na malfadada biblioteca municipal de Muriaé, seja qual for o nome dela. Digo isso porque, além de mal conservada, ainda é mal-cuidada. Uma criança de cinco anos sairia com quantos livros quisesse de lá, até hoje.

Voltando ao livro, acabei achando-o na parte de literatura inglesa (óbvio, não?), junto com a “Revolução dos bichos”, “A ilha”, entre outros... Não esqueço daquela capa vermelha, aquela simulação de couro que não vemos mais em livros hoje em dia. A capa estava bem danificada e não dava pra saber se, outrora ali, houve alguma escrita. Porém, logo na primeira página havia o título: 1984, de letras vermelhas como a capa. Combinação simples, mas que até hoje acho o máximo!

Acho que é interessante pontuar que, dentro do rock’n roll, escutava muito Punk. Coisa tipo Ramones, Sex Pistols... As bandas clássicas mesmo. Junto, também, com aquele ideal anarquista, revoltado-sem-causa, et coetera... E lá começa aquela história de Winston Smith. O cara que tenta burlar seu sistema. Que vive através dos olhos do “Grande Irmão” (odiava o fato das pessoas não saberem que o “Big Brother” tinha vindo dali). O estado completamente inverso a qualquer utopia, com regras absurdas, totalitarismo, torturas... As torturas!!!

O livro era impressionante. Simplesmente. Claro que existem os best sellers de capítulos curtos que te faz ler até de madrugada. Mas ele prendia com conteúdo. Não esqueço da tentativa de Winston de burlar o sistema, e de como foi traído pela amante. A parte final, onde é torturado até acreditar, acreditar mesmo, que 2 + 2 realmente eram 5, porque o Grande Irmão dizia era absurdamente demais! Toda a tortura psicológica que passava se transferiu pra mim ao fim do livro. A frase “amava o grande irmão” – a última do livro, e que nunca esqueci –, sobre o que sobrara dos cacos da mente de Winston após todo o sofrimento foi o estopim de outra revolta.

Por um tempo eu pensava: tenho que fazer algo! Pensava que o sistema era o inimigo que nos sufocaria e acabaria com nossas vidas. Que outra ditadura poderia se instalar... Sei lá. Tinha que fazer algo pra mudar. Mudar o quê, eu não sabia bem, só mudar. É verdade, fiquei um pouco paranóico. Mas penso eu que era a época de assim ser.

A revolução não veio, mas algo ficou marcado. Pensei até em “pegar” o livro e não devolvê-lo. Mas logo em seguida vi que era um pensamento mesquinho (que outra pessoa teve, pois nunca mais o vi na biblioteca). Outras pessoas também tinham o direito de lê-lo. Assustadoramente, vejo muita coisa do livro pelo mundo afora. China e Venezuela que o digam. E o que é mais legal. Até hoje, quando volto na biblioteca, eu o procuro. Não o acho, e lembro que foi parte de outra época.

7 comentários:

Anônimo disse...

Peraí...
Então quer dizer que você não é mais punk? O_o

Anônimo disse...

Esse livro realmente é marcante, e pontua a vida de quem o lê. Quanto à Venezuela, parece que o povo está começando a dar sinais de luta contra o Grande Irmão, ao derrotá-lo na última votação...

Anônimo disse...

Salve Valdir!
Depois de um ano vc me avisa do seu blog!Bom ,como esse topico ja discutir com vc,volto no proximo post seu....vlw ate logo!

Carlos Maestre disse...

Vale a pena correr atrás de um bom sistema... Mas por que um bom sistema estaria escapando?

Anônimo disse...

a bibilhoteca é um lixo mesmo... credu dignia da cultura de muriaé... esse livro é simplismente uma obra de arte... deu ate vontade de ler de novo... em fim um bjo

Bruce De Battisti disse...

Onde estará o livro?

Unknown disse...

o livro eu não li! mas deu vontade!
na biblioteca hj em dia já não tem mais nada!

mas...eu lembro que a luciene passo esse filme...
otima historia...filme beim mais ou menos!

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